Nos dias de hoje a história sem as mulheres seria impossível. Mas no passado histórico e mais remoto isso não era assim, pelo menos numa perspetiva mais coletiva ou mais abrangente do termo.
Na idade média, por exemplo, a mulher foi secundarizada tendo sido muitas vezes ignorada.
O universo feminino enquanto objeto da história é algo relativamente recente, remonta ao último período do século XX.
Apesar disso, o renascimento, principalmente nas cidades, impôs um novo estilo de vida. A mulher ganhou alguma importância dentro da organização social: “fiel companheira de vida para o esposo e exemplo de virtude para os filhos”.
Apesar desse ganho, a mulher renascentista não beneficiou de tanto brilhantismo quanto o homem. O seu papel foi grandemente direcionado à função materna. O facto da mulher ter os filhos era um privilégio mas também era um fardo pesado para ela. Embora existissem diferenças entre a mulher rica e a mulher pobre: por exemplo o filho da mulher rica era, muitas vezes, amamentado pela mulher pobre – “ama de leite” - (que, no fundo, fazia o trabalho doméstico e recebia, pelo mesmo, alguma compensação/remuneração).
No desempenho do casamento, a mulher renascentista devia amar o marido e obedecer-lhe.
No Renascimento uma mulher devia sempre reconhecer que o marido era o seu superior (mulher submissa do marido). Impunha-se-lhe uma vida moderada e uma atitude equilibrada, sobretudo na administração dos assuntos domésticos, na procriação e na educação dos filhos.
Os casamentos eram decididos pelos pais e no horizonte burguês a escolha das esposas dependia dos dotes (assumiram particular importância os conceitos de “boas famílias” e “bons costumes morais”). Como futuras esposas, a situação económica das respetivas famílias era determinante: os dotes que os pais da noiva deviam entregar à família do noivo condicionava o casamento (algumas famílias podiam oferecer uma vaca, mas outras podiam oferecer ouro, por exemplo). Nas famílias ricas um dote elevado dava ás mulheres uma oportunidade de terem um grande casamento e uma elevada condição social. Entre as famílias menos ricas providenciar um bom dote às filhas nem sempre era possível. As jovens mais pobres tinham de trabalhar para obter esse dote e casar de acordo com as tradições da sociedade. Celebrado o casamento as esposas deviam, como já referido,subordinar-se aos maridos, cuidarem dos assuntos da casa e tornarem-se mães.
A mulher aristocrática ou burguesa pertencia às classes sociais mais elevadas e mais prestigiadas e faziam poucos trabalhos. Executavam trabalhos agrícolas, mas sobretudo numa função mais organizadora (menos operativa), o que sucedia, sobretudo, quando os homens se ausentavam ou quando iam para a guerra.
As cortes passaram assim a valorizar muito mais o elemento feminino, permitindo às mulheres uma mais ampla participação social. As esposas aristocráticas ou burguesas ganharam um espaço próprio nas artes, nas letras e na cultura. Conquistaram um palco de liberdade que extravasava o papel atribuído à esposa e à mãe. Muitas damas renascentistas foram até dotadas de grande instrução.
Sendo certo que algumas mulheres (ricas e pobres) também foram guerreiras: um dos exemplos mais distintos foi Joana D´Arc que devido à sua audácia e masculinidade foi injustamente condenada à morte pelo poder insensato da igreja.
Embora não tanto como as mulheres das classes inferiores, as mulheres aristocratas também trabalhavam em tecelagem (teciam e fiavam). Todas as mulheres teciam.
Continua...